Futuro, Educação e Mudança de Mentalidade


Falar sobre o futuro das coisas parece ser a nova mania ultimamente. Para todos os lados que olhamos, há discussões sobre o futuro do trabalho, o futuro da indústria, o futuro da educação, e por aí vai. Tema deveras relevante, ainda mais com essa (r)evolução digital que estamos vivendo. Tudo anda mudando muito rápido, exponencialmente, então é natural que pensemos no futuro. E que bom que tenha tanta gente pensando nele!
No entanto, para não corrermos o risco de cairmos no que o sábio filósofo brasileiro Vieira Pinto (2005) chamava de futurologia - comparando-a à astrologia, como uma tentativa de explicar o presente pelo futuro - é importante olharmos de onde viemos e onde chegamos, para então traçarmos estratégias para esse futuro com base em nossas experiências, tentativas, erros e acertos.
Na educação não é diferente. Tão importante quanto pensarmos no futuro dela, é termos esse olhar histórico da mesma, e principalmente, enxergamos a educação que temos hoje. Mais ainda: enxergarmos quem faz parte do presente da educação. Percebo muitos movimentos, hoje cada vez mais pulsantes, no sentido de modernizar a educação no país, trabalhando principalmente com os professores. E isso é ótimo! É um movimento necessário e importantíssimo para desenharmos essa educação do futuro de que tanto falamos.
Entre tantas mudanças, novidades e demandas que tem surgido, uma delas está na transição (shift) de um modelo focado no ensino para um modelo focado na aprendizagem. E para entendermos de aprendizagem, precisamos olhar para um outro público que não os professores - os alunos: enxergá-los, ouvi-los, entendê-los. Empatizar com esses que devem ser os reais protagonistas dessa nova escola cujo foco é o aprender - não simplesmente o ensinar.
Sei que muitos pensam que não interessa muito aos alunos aprender. Pelo menos não à maioria. Mas como afirmado por Cosenza e Guerra (2014), todo cérebro tem uma motivação intrínseca para aprender, mas só o fará para aquilo que perceber como importante, como significativo. Talvez essa seja uma das peças que estejam faltando para entendermos a educação que temos hoje, e desenharmos a educação do futuro: um currículo que faça sentido, com aulas engajadoras que tornem o processo de aprendizagem significativo.
Envolver os professores nisso tudo é maravilhoso e necessário. Porém, ainda mais impactante é envolver os alunos. E não é só por eles estarem em maior número dentro da escola, mas principalmente porque a aprendizagem não é algo territorializado, existente apenas dentro do espaço escolar e que parta exclusivamente do professor. A aprendizagem se dá nos mais variados espaços, nas mais variadas circunstâncias. A inteligência coletiva não precisa de currículos ou certificações para se manifestar ou se legitimar. Lévy já vem dizendo isso desde a década de 90.
Percebo que há muitos alunos nessa busca, embora tenha-se a impressão que não. Muitos educadores também. E isso, a meu ver, já é um prelúdio do futuro da educação. Só não podemos nos esquecer de olhar para trás, pois o caminho percorrido é tão importante quanto o que ainda temos a percorrer. Abraçar novidades é algo saudável, mas isso nem sempre significa que o que é novo será, necessariamente, mais adequado do que o tradicional. Em tempos de tecnocentrismo, ser tecnofílico pode ser tão nocivo quanto ser tecnofóbico, como alerta Klinge (2000). Desenvolver um olhar crítico e bom senso é essencial para tentar encontrar esse equilíbrio.
Talvez assim, consigamos, todos juntos - alunos, professores e os demais atores dessa fascinante trama - construir hoje a educação que tanto buscamos para o futuro. Definitivamente, está em nossas mãos. Mas para mudarmos a educação, precisamos mudar pessoas. E para mudar pessoas, é preciso mudar a mentalidade. E não há nada mais poderoso do que um mindshift - uma mudança de mentalidade. Pois quando sua mente muda, o mundo ao redor começa a mudar também.



Eu sou a Bia (ou Fabi), Google Innovator, empolgada com educação, tecnologia, linguística e neurociências, viciada em infográficos, linhas do tempo e cursos online


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