Curadoria Digital é ganhar tempo!



Ser professora em tempos digitais me mostrou que sou também uma curadora educacional. Se você nunca ouviu falar deste termo, vou contar um pouco e provavelmente você poderá se identificar.



Eu nunca fui daquelas profes que só segue o que está no livro ou na apostila, mas sempre procurava por mais, para incrementar as aulas, transformando elas em uma experiência de aprendizagem memorável, então, ao longo do tempo, fui ampliando as possibilidades e recursos, o que diversificava bastante as aulas.

E nem sempre as aulas eram sucesso. Como bom laboratório e metodologia científica, quando não dava certo, analisa qual o fator que desalinhou a aula, se o recurso não era adequado, enfim. E nesse processo, que a maioria dos professores fazem, separa-se o joio do trigo, o que foi legal do que não é necessário, e assim, cada um de nós vai melhorando sua prática, burilando as ferramentas, habilidades e saberes.

Segundo autores como Garcia e Czeszak, tendo ou não consciência, quando fazemos essas escolhas e seleções, estamos fazendo curadoria educacional.

Curadoria, significa cuidar, organizar, colocar junto... Eu quando escuto essa palavra, imediatamente me remete à exposição de arte, que tem um curador, uma pessoa responsável pelo cuidar daquelas obras, dispondo-as da melhor forma, em conjunto. Etimologicamente, é cuidar, manter uma linha coerente entre as partes de um todo.

Assim, o professor-curador é quem busca, seleciona, organiza e expõe aos estudantes o sentido daquela coleção de concepções, conhecimentos, recursos educacionais, metodologias, atividades…

E ai, você já se viu como um curador educacional?

Vamos falar aqui um pouco sobre a curadoria de conteúdo. Como falei no início, eu buscava, garimpava em livros ou na internet o que melhor poderia representar e ser apoio à aprendizagem dos meus alunos. Isso é curar conteúdos. Entretanto, esse termo é natural dos profissionais da comunicação e marketing e não da educação. Estamos pegando emprestado, porque também realizamos ações análogas à esses profissionais. Inclusive, buscamos nos produtos que eles publicam conteúdos para nosso lecionar.

E nessa linha de raciocínio, temos duas formas de curadoria:

  1. a organização de links que tratam do mesmo assunto, abrigando fontes diferentes, com diferentes posicionamentos. Seja pela relevância dos achados via buscadores na Internet como o Google, ou das indicações de outros educadores, é importante organizar e categorizar os links a fim de facilitar a aprendizagem dos estudantes e mesmo para o lecionar dos docentes.

  2. a modelagem do conteúdo dessas fontes, com uma reflexão e remixagem para o público alvo, com a inserção intencional dos objetivos de aprendizagem, por exemplo. Um outro passo, mais refinado segundo os autores é de trabalhar o conteúdo dessas fontes, que por vezes trazem uma linguagem mais acadêmica ou técnica para a linguagem do seu público, por meio da criação de conteúdos. Além do blog, podemos remixar e produzir conteúdos em outros formatos, como vídeos, infográficos, imagens, memes, etc.
    Cinco fases

Descoberta - professores procuram sites, objetos de aprendizagem, livros, etc para compor sua aula.

Produção - Parte 1 - organização dos achados. Pinterest, Pearltrees, One Curator, CurationSoft, Padlet, Wakelet.

         Parte 2 - Remixagem para a aula. Seja inserindo em slides preparados para aula expositiva, texto e exercícios para os alunos, provas, ou elaboração de curso no Classroom por exemplo.


Compartilhamento - O próprio ato de lecionar é compartilhar as fases anteriores. Mas na curadoria de conteúdos, transportar a síntese para as redes sociais amplifica o compartilhamento. O uso de blog, canal do Youtube também sistematiza o registro dessas ações.

Update - para os autores, a interação dos internautas, seguidores com o conteúdo favorece o update, uma vez que é solicitado a eles o compartilhamento e divulgação, ampliando o compartilhamento do conteúdo e possíveis updates.

Mensuração - as redes socias e internet trabalham com métricas. E essas podem dar uma ideia de quanto seu conteúdo está alcançando as pessoas.

No doutorado, quando entramos em contato com concepções, conceitos e teorias, vamos fazendo a curadoria digital do que nos interessa, buscando nos autores recomendados pelos professores, e nas publicações destes, em quem eles também se inspiraram, em uma verdadeira arqueologia do saber. Esse termo, por sinal, foi cunhado por Foucault, e é muito mais complexo do que o trazido aqui, que serve apenas como uma analogia, uma exemplificação simples.

Organizações de suporte de curadoria digital

Digital Curation Unit (Grega)

http://www.dcu.gr/en/ψηφιακή-επιμέλεια/

Do ponto de vista do ciclo de vida da informação, a curadoria digital abrange uma série de processos voltados para alcançar a confiabilidade dos recursos digitais, organização, arquivamento e preservação de longo prazo, e serviços de valor agregado e novos usos para os recursos. Esses processos são:

  1. Avaliação
    Envolvendo o processo de desenvolvimento de critérios e seleção de recursos que possam fazer parte dos processos posteriores de curadoria;

  2. Ingestão
    Envolvendo a gravação digital de imagem, som, texto e dados, digitalização de gravações analógicas em vários suportes físicos e importação de recursos digitais de outras fontes, incluindo repositórios;

  3. Classificação indexação catalogação
    Produzindo índices lógicos para gestão da informação e, o mais importante, índices de assuntos e índices relacionados aos usos pretendidos ou possíveis dos recursos digitais;

  4. Aumento do conhecimento
    No que diz respeito às entidades, situações e eventos do mundo real representados pelos recursos digitais, seu contexto e domínio mais amplos, e os próprios recursos digitais;

  5. Apresentação Publicação Disseminação
    ou seja, o processo de geração de novos artefatos (científicos, acadêmicos, artísticos, etc.) a partir de recursos digitais primários ou secundários existentes;

  6. Experiência do usuário
    relacionada ao uso de recursos e interação entre usuários e recursos, bem como os efeitos dessa interação;

  7. Gestão de repositórios
    relativos a repositórios reais (centralizados ou distribuídos) ou virtuais e incluindo mecanismos de acesso; e,

  8. Preservação
    salvaguarda dos riscos à longevidade relacionados quer com causas físicas quer com a evolução tecnológica.

Ferramentas para Curadoria

Você pode organizar e compartilhar seus achados que passam pela sua avaliação (curadoria) em diversos suportes digitais, por exemplo:

Drive - Crie pastas temáticas, seja com o tipo de arquivo (vídeos, imagens, simuladores, etc) ou quanto ao conteúdo;

Google Sites - No Google Sites você pode criar páginas e subpáginas e subir diversos arquivos ou links;

Wakelet - O wakelet é um site que organiza os arquivos disponíveis na internet, por meio da inserção dos links;

Padlet - Padlet também organiza arquivos que são subidos no mural, além de sites, você pode criar gratuitamente até 5 murais e trabalhar colaborativamente.

Pinterest - site de curadoria, aí basta você criar uma ou mais coleções temáticas que vão ajudar a poupar tempo na elaboração de suas atividades educacionais.

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