O Papa é Pop: IA na Música



Dias atrás saiu um bafafá por causa dessa foto aí de cima. A imagem foi criada por uma inteligência artificial chamada Midjouney e enganou muita gente. Na hora eu me lembrei daquela música dos Engenheiros do Hawaii: O Papa é Pop. A letra da música é uma crítica direta à mídia, a tudo que está nela e que pode ser considerado "pop". 

Todo mundo tá relendo o que nunca foi lido
Todo mundo tá comprando os mais vendidos
É qualquer nota, qualquer notícia
Páginas em branco, fotos coloridas
Qualquer nova, qualquer notícia
Qualquer coisa que se mova é um alvo
E ninguém tá salvo

Todo mundo tá revendo o que nunca foi visto
Tá na cara, tá na capa da revista
Qualquer nota, uma nota preta
Páginas em branco, fotos coloridas
Qualquer rota (rotatividade)
Qualquer coisa que se mova é um alvo
E ninguém tá salvo

Um disparo
Um estouro

O Papa é pop, o Papa é pop
O pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro à queima roupa
O pop não poupa ninguém


A discussão em torno do que uma Inteligência Artificial pode ou não fazer foi intensificada com o lançamento do Chat GPT, mas na verdade, as inteligências artificiais não são novidade e já estão entre nós há algum tempo. Elas estão tão integradas no cotidiano que às vezes nos esquecemos de que são IA, como por exemplo: sistemas de busca na internet, assistentes virtuais, comércio eletrônico, agricultura, meteorologia, redes sociais, plataformas de Streaming, reconhecimento facial, etc. Inclusive aqui no blog já tivemos excelentes reflexões sobre o assunto:

O impacto da inteligência artificial no ensino: o que você precisa saber

Quem tem medo do ChatGPT?

Nem só de ChatGPT vive a inteligência artificial...

Mas já que o ponto de partida dessa discussão sobre IA foi uma música pop, por que não falarmos um pouco sobre a relação das inteligências artificiais na música? 

O vídeo abaixo é um trecho do filme Eu, robô, lançado em 2004 sob direção de Alex Proyas, baseado na obra de um escritor russo chamado Isaac Asimov. Nesta cena, o personagem de Will Smith, o detetive Del Spooner, está interrogando um robô que quebrou uma das três leis da robótica. Tais leis foram de fato criadas por Isaac Asimov e consistem em:

1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que entrem em conflito com a Primeira Lei.

3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

O que mais me chama a atenção nesta cena é que o detetive Spooner afronta o robô falando que ele não é capaz de compor uma linda sinfonia. Então o robô o encara e pergunta: Você é? 


Se o que nos torna humanos é a capacidade de criar, o que acontece conosco quando não somos, por exemplo, capazes de compor uma sinfonia ou pintar um quadro? A criatividade tem sido motivo de inquietação de muitos cientistas e por enquanto é a palavra-chave de defesa de nós humanos "contra" as inteligências artificiais. 

No dicionário, a definição de criatividade é: Capacidade ou habilidade para encontrar respostas ou saídas inovadoras e diferentes perante circunstâncias ou situações desafiadoras e novas; aptidão ou propensão para inventar ou inovar

O fato é que as IA não vão retroceder. O que nós, seres criativos, podemos fazer a respeito? Vamos dar uma olhada no que tem de inteligência artificial da música? 

Primeiramente é preciso lembrar que o algoritmo do Youtube, por exemplo, já trabalha com aprendizagem de máquina e inteligência artificial há muito tempo. Ele consegue identificar as músicas e assim garantir que os direitos autorais sejam repassados para seus devidos autores, e também evita que músicas sejam utilizadas sem autorização. 

Björk já surfou na onda de composição com IA onde a música se modifica de acordo com o clima da cidade. A islandesa utilizou um banco de dados de sons de corais, onde ela mesma cantou, e a IA utiliza essa sonoridade para aprender e criar as sonoridades tendo o clima como parâmetro.


AIVA é uma compositora IA que mantém uma plataforma com acesso gratuito (e também pago) e permite que seus usuários criem composições orquestrais com os mais diversos instrumentos! 


Outra IA criou a música abaixo inspirada nas músicas dos Beatles. A iniciativa foi da Sony CLS (Computer Science Laboratories) que mantém equipes de pesquisa sobre música e inteligência artificial no Japão e na França com o intuito de inspirar a produção musical de compositores. 



É claro que o Google também está na corrida e recentemente anunciou o Google Magenta, que é um projeto de pesquisa com código aberto que explora a função do aprendizado de máquina como uma ferramenta no processo criativo. Veja o que o Magenta é capaz de fazer: 


Google também lançou o MusicLM que usa textos como base para a criação de melodias. 


Um outro experimento do Google é também o AI Duet. Nele você toca uma nota do piano, e a IA responde, fazendo um dueto com você. 


Aqui foram citadas apenas algumas das IA que já estão entre nós. Existem dezenas por aí, cada uma com uma metodologia de aprendizagem de máquina e um objetivo. O intuito aqui era de apresentar projetos que já estão rolando! E se você conhecer outros, comenta aqui pra gente! 

Por último mas não menos importante, termino com uma música que nos provoca a pensar sobre o quanto estamos sendo levados a crer e agir como robôs. Que nós, educadores, possamos sempre questionar, criar, dizer, ouvir, falar e "reinstalar nossos sistemas", sempre em busca de inspirar nos nossos alunos seu lado mais humano!

Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente e eu sei o que vão fazer
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Não senhor, sim senhor, não senhor, sim senhor













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