BETT Brasil 2023: Destaques e tendências




O que é a BETT Brasil?

A BETT Brasil é o maior evento de educação e tecnologia da América Latina. Com o tema “Educação e Trabalho para Novos Futuros” e mais de 270 expositores, esse ano ela aconteceu de 9 a 12 de maio no Transamerica Expo Center (São Paulo-SP). Passaram por lá 35 mil visitantes, entre visitantes (o acesso à Expo é gratuito) e congressistas.

Neste ano, os temas discutidos ficaram em torno de:
  • formação de docentes
  • uso de tecnologias digitais
  • diversidade e inclusão nas escolas
  • metodologias de ensino e avaliações
  • saúde mental de crianças e adolescentes

Inclusão

Foto: https://brasil.bettshow.com/bett-blog/

A BETT deixou claro logo na entrada um esforço no sentido da inclusão - os recepcionistas eram da PAE - Programa de Atendentes Eficientes - e deram um show de simpatia e eficiência!

A Expo

Na parte da exposição, havia mais de 270 expositores, nacionais e internacionais, entre eles 26 startups. O foco era o mesmo: inovação na educação e todos apresentavam suas soluções em meio a brindes, painéis com leds chamativos, experiências imersivas, mascotes (MUITOS mascotes!), cafés, aperitivos e dinâmicas para atrair o público para o stand. Muitos stands tinham também sua própria programação de palestras com muitos palestrantes renomados como Maurício de Sousa e Augusto Cury, atraindo centenas de pessoas.

Passeando pela expo, era possível encontrar soluções de ensino socioemocional, sistemas de educação e sistemas bilíngues, tecnologia, lousas digitais, sistemas financeiros, inteligências artificiais para ajudar na trilha de aprendizado dos estudantes, gamificação e metaverso.

GEG Brasil na BETT


O GEG Brasil também esteve presente por lá, com encontros, workshops, desafios diários e muita troca e conexão no stand do Google!

O Congresso

É claro que eu não podia deixar de compartilhar um pouquinho do que participei no congresso, então compilei alguns temas que achei que se destacaram mais!

Inteligência Artificial + ChatGPT

Como não podia ser diferente, Inteligência Artificial e ChatGPT foram temas de diversas palestras e rodas de conversa e estavam também presentes em muitos dos stands também, como soluções de redação, Bernoulli e Editora do Brasil. Foi a grande sensação do evento!

Nas palestras e oficinas, o tema foi muito bem abordado. Martha Gabriel pontuou que muita gente teve a impressão de que IA surgiu em janeiro deste ano - muito por conta do ChatGPT - mas que, na verdade, a IA existe desde a década de 1950 e já estamos em contato com diversos outros tipos de IA há muito tempo. A grande diferença foi a democratização que veio com o ChatGPT e as IAs generativas. É como se estivéssemos vivendo a IA 2.0 - as pessoas conseguem manipular e criar com IA e não somente serem impactadas por ela.
“Uma pessoa mediana empoderada por tecnologia torna-se melhor do que o maior expert humano trabalhando sem tecnologia” - Martha Gabriel
Gil Giardelli também trouxe o ChatGPT para o palco, mas não sem antes fazer uma perspectiva histórica sobre crises e mudança. A palavra “crise” denota uma ruptura, descontinuidade e é normalmente um momento após o qual a ordem normal não pode continuar. Para exemplificar, ele trouxe dados de alguns anos que mudaram o mundo repentinamente, como:

1789 - Revolução Francesa

1929 - quebra da bolsa

1939 - início segunda guerra mundial

1969 - homem pisou na lua

1989 - queda do Muro de Berlim

2019 - primeiro caso de COVID


Ele ainda frisou que a mudança de era traz com ela a ignorância - as pessoas tendem a não querer o novo conhecimento. Toda essa retrospectiva teve o propósito de mostrar que estamos vivendo um momento de mudança e temos que estar preparados para sobreviver a este presente caótico para termos um futuro promissor. Na verdade, Gil afirmou que não existe Futuro no singular, existe Futuros no plural. O ChatGPT chegou no meio desse caos e em 1 semana chegou a 1 milhão de usuários. Ele acrescentou ainda que nesse momento há um descompasso entre os empregos que surgem e o que estamos ensinando nas escolas. Ele complementou ainda que não existe tecnologia boa ou má, existe o que nós fazemos com ela e a educação nunca foi tão essencial quanto nessa era.


Para finalizar, o relatório Tech Trends 2023 do Future Today Institute também foi mostrado, apontando que a inteligência artificial e da inteligência artificial generativa na educação ambas têm impacto a curto prazo na educação. Ou seja, não há como tentarmos fugir...

Tecnologia + Desenvolvimento de professores

Um painel com Lucia Dellagnelo e Idelfranio Moreira sobre o tema foi muito inspirador. Segundo os painelistas, o Brasil é o segundo país em tempo de uso de tecnologia em redes sociais. Entretanto, esse excesso de uso não é revertido para melhorar ou enfrentar desafios de saúde, educação, mobilidade etc. Somos usuários extremamente ativos, mas não temos o conhecimento e a criticidade necessários para usar a tecnologia para a solução de problemas. E isso requer aprendizado. A tecnologia deve ser ferramenta de melhoramento da vida humana e esse aprendizado tem que estar no currículo - da educação infantil à educação superior.


 
É comum o professor resistir a tecnologias mais difíceis de usar e que requerem mais dele. Ele acaba colocando a culpa da dispersão ou falta de engajamento dos alunos justamente nessas tecnologias. Acontece que a escola já era chata já 20 anos atrás e continua chata. O problema não é a tecnologia. A escola continua irrelevante e cada vez mais o jovem vai estar disperso.

Uma oficina do Instituto Crescer também deu um panorama da tecnologia na educação e afirmou que o que faz a diferença não é a tecnologia, mas a pedagogia - não importa se estamos falando de realidade virtual, metaverso, inteligência artificial, se estivermos usando com um claro propósito de aprendizagem. A questão é aprender SOBRE e COM tecnologia.

E, como Martha Gabriel também afirmou, você não será substituído pela tecnologia, mas por quem sabe usar melhor a tecnologia. O professor precisa saber que ter competências digitais é parte da profissão hoje em dia. É preciso estar constantemente atualizado e assumir essa responsabilidade. Não tem como ter aprendido isso somente na graduação, pois a tecnologia muda e evolui constantemente. O professor precisa botar a mão na massa, experimentar e discutir com outros professores as possibilidades de uso das ferramentas.

Avaliação

Assisti a um painel sobre avaliação e a fala da Isabel Farah me chamou bastante atenção. Isabel falou sobre avaliação para um contexto contemporâneo de educação e começou sua fala afirmando que a avaliação é espelho da educação. Portanto, para pensar no papel da avaliação, temos que pensar no papel da educação. Ela trouxe mais uma vez a questão do descompasso entre a vida e a escola, entre alta conectividade e contexto das aulas nas escolas.

Isabel trouxe então alguns estudos importantes sobre educação e avaliação:
  • OECD 2023 - é preciso medir e avaliar habilidades complexas. É preciso inovar o que avaliamos, como avaliamos e como interpretamos e usamos os resultados.
  • Pisa 2022 - introdução da avaliação do pensamento criativo - competência de engajar-se produtivamente na geração, avaliação e melhoria de ideias, que pode resultar em soluções originais e efetivas, avanços no conhecimento e expressões de impacto na imaginação.
  • Pisa 2025 - avaliação da aprendizagem no mundo digital, com inovação no formato
Ela concluiu sua fala dizendo que a avaliação do futuro será personalizada, invisível e integral.

Metaverso

O Metaverso chegou igual a um furacão em 2022 e acabou perdendo força com a chegada das IAs generativas como o ChatGPT. Mas ele também teve seu lugar na BETT Brasil! Romero Tori é do time que defende que o Metaverso não desapareceu, está evoluindo cada vez mais e tem um potencial enorme na educação. Ele afirma que, na verdade, não é um único metaverso - São Metaversos. E, para ser um metaverso, é preciso (1) estar em ambiente 3D virtual e (2) ter um personagem que você controla (avatar). Neste ambiente, você se sente imerso e controla a personagem que é você. Romero faz parte do grupo de pesquisa Educação OnLIFE em Metaversos e vale ficar de olho para ver os avanços do Metaverso na educação!

Mais alguém por aí esteve na BETT e tem algo a acrescentar? A perspectiva desse post é toda baseada na minha experiência na feira e tenho certeza que outros participantes terão muito a acrescentar! Não deixe de compartilhar suas impressões nos comentários!

E se você deixou de ir à BETT porque o ingresso era muito caro, saiba que a ida somente à exposição é gratuita e vale muito a pena! É muito novidade nos stands, que já mostram bastante das tendências de mercado, além das diversas palestras incríveis oferecidas em vários deles.

Comentários

  1. Que legal, Roberta! Quantas novidades na área da Educação, né? Pena que não consegui visitar a BETT 2023. Que bom que você nos trouxe as atualizações! 😍

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    1. Que legal que você curtiu! =) Muitas novidades mesmo, não podemos fiar para trás!

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  2. Muito obrigada por compartilhar! Excelente curadoria!

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  3. uau Roberta! Este ano consegui participar da BETT. São tantas as novidades e possibilidades, que um dia foi pouco para absorver tudo. Mas, ainda bem que temos essa possibilidade de interação e aprendizado, através do blog.

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