Eu não aguento mais ouvir falar de IA na educação!




Parece que no último ano só se fala de IA na educação, né? Cansativo, não? É IA pra cá, ChatGPT pra lá, soluções mágicas surgindo o tempo todo… Como que acompanha? Parece que não dá. Melhor nem tentar então…

Você se reconhece nessa fala? Se respondeu sim, veio ao lugar certo. Mas se você acha que eu não vou falar sobre IA na educação, você está enganado rs. Eu vou, sim, mas quero te ajudar a entender melhor tudo o que está acontecendo…

Mas a IA só surgiu agora mesmo?

Lá pelo fim de 2022, o ChatGPT surgiu para nós, meros mortais sem nenhum ou com pouco conhecimento de programação. Acessível, gratuito e de fácil uso. Isso bastou para que a ferramenta caísse nas mãos de todos. Logo de início, instalou-se um caos. Um medo do que era a ferramenta, um medo que nossos empregos fossem morrer, um medo do desconhecido. Muitas escolas e universidades banindo o uso do ChatGPT como se essa fosse uma solução para o problema. Spoiler: não era. Passado um tempo, começamos a ver que a ferramenta tinha um bom potencial de ser uma mão na roda. Para nós educadores, poderia ser um grande aliado para otimizar nosso tempo e melhorar nossas aulas. E nisso surgiram outras ferramentas de IA generativa, também de fácil acesso, e começamos a ver ainda mais oportunidades. Mas também aumentou o nosso receio, afinal qualquer um pode acessar essas ferramentas, até mesmo nossos alunos...

Como evitar que os alunos colem nas provas?


Mas claro, o maior receio continuava ali: e meus alunos? Eles vão colar? O que posso fazer? Já escrevi um post aqui no blog sobre isso no ano passado, mas no último ISTE assisti a uma palestra que me deixou pensativa… É fato que a cola é um grande problema nas escolas. Entretanto, o palestrante mostrou um estudo de Stanford sobre plágio e cola. De acordo com esta pesquisa, 70% dos estudantes do ensino médio dos EUA trapaceiam regularmente. A taxa foi verificada antes e depois da disponibilidade de ferramentas de IA generativas e, para minha surpresa, não foi encontrada nenhuma diferença significativa. A cola é um problema cultural, e não tecnológico. A IA generativa, assim como a calculadora, o tradutor, é só mais uma ferramenta - que pode, claro, ser usada com má intenção.

E se a gente conseguir pensar em avaliações mais relevantes? Será que em mundo com internet e IA generativa é tão importante memorizar fatos e datas? Ou resumir textos? O que será que é mais importante avaliar? Talvez essas sejam as grandes questões, mas dar ou proibir o acesso a uma ferramenta acaba não fazendo muita diferença.

Preciso mesmo usar?

Tá, acho que estou começando a entender. Mas ainda tenho um receio… Será que a IA é isso tudo mesmo? Será que vai mudar tudo mesmo?

Antes de mais nada, precisamos entender que a IA é uma tecnologia de propósito geral - como por exemplo a internet e a eletricidade. Elas tocam todos os aspectos das sociedades humanas e com o surgimento da cada uma, nós re-configuramos nossas sociedades em torno delas. O que acontece é que as tecnologias de propósito geral podem levar um tempo até elas fazerem parte de nossas vidas como algo natural. Neste momento, estamos vivendo os tempos intermediários, que é o tempo entre a demonstração das capacidades da tecnologia e a realização de sua promessa - refletida na adoção generalizada.

A IA é mais do que um simples chatbot. Ela tem potencial para mudar tudo, mas na verdade temos que reconfigurar o que fazemos para adotá-la adequadamente. É onde estamos com a IA neste momento. Sabemos que será grande, já vimos algumas aplicações interessantes, mas realmente não vimos nada ainda.

É possível que acabemos em uma sociedade onde será antiético ou estranho não usar IA? Não haverá realmente um emprego ou indústria que não seja impactado pela IA? Não temos ainda essas respostas, mas o cenário que vivemos mostra que há potencial.

Por onde começar?

Uma pesquisa feita pela SEMESP (Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil) mostrou que 74,8% dos respondentes concordam parcial ou totalmente com o uso da tecnologia e inteligência artificial como ferramenta de ensino. Isso é um sinal de como a IA tem mostrado um caminho de muitas oportunidades. E o melhor caminho para começar é experimentando. É só quando colocamos a mão na massa que conseguimos entender o potencial dessas ferramentas tanto para o nosso dia a dia como educadores, quanto para a otimização da aprendizagem em nossas salas.

Caí num clickbait?


Talvez, e eu peço desculpas. Mas hoje em dia é praticamente impossível não falar sobre IA na educação… Você não precisa ser um expert, você não precisa usar no seu dia a dia se não quiser, mas você não pode privar os seus alunos disso… Não que você deva sair correndo e começar a usar IA na sua sala amanhã, de jeito nenhum. Mas precisamos entender como a IA generativa vai afetar nossas vidas, nossas relações com o trabalho e nossa forma de fazer nossas tarefas diárias. Precisamos ajudar nossos alunos a desenvolver nossas habilidades essencialmente humanas como criatividade, discernimento, humor e pensamento crítico, para que eles estejam cada mais afiados e preparados para lidar com as IAs generativas.

Precisa de ajuda?

Vamos bater um papo! Diz aqui nos comentários o que está faltando para você começar a explorar as IAs ou o que você já tem feito com as IAs!



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