Dorama é pior que IA: uma ameaça à nossa capacidade de atenção?

 


E aí, time GEG e educadores! Preparados para uma reflexão sobre algo que ameaça a concentração tanto quanto a última notificação no celular? E não, não estou falando da Inteligência Artificial. Estou falando de algo muito mais traiçoeiro: o dorama! Você deve estar pensando: "Mas o que o dorama tem a ver com a educação, com a tecnologia, ou com a minha vida de educador?". A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo: tudo!

Nós, educadores, somos especialistas em entender como a mente funciona. Sabemos que a atenção é o primeiro passo para o aprendizado e que a recompensa é um motor poderoso para o engajamento. Agora, se a gente se sente totalmente fisgado por uma série coreana, imagine o que a nova geração, imersa em estímulos, está sentindo. É aí que a neurociência entra em campo para explicar a diferença entre ser "fisgado" pela IA e ser "sequestrado" por um dorama. Vamos começar com a nossa "queridinha" IA. No mundo da educação, ela é vista como uma ferramenta poderosa. Quando nós usamos um assistente de IA para nos ajudar a planejar uma aula, criar um resumo de um texto longo ou buscar referências, o que sentimos? Uma dose de prazer pela conquista intelectual. "Consegui!", "Entendi!", "Resolvi!". A IA reforça o nosso aprendizado e trabalho de forma lógica e objetiva, ativando as áreas do cérebro ligadas à resolução de problemas e à curiosidade. É um prazer que nos impulsiona a buscar mais conhecimento, a aprimorar nossas habilidades. É um ciclo virtuoso, controlado e com um propósito claro.

Agora, passemos ao dorama. Você clica no primeiro episódio para "relaxar". Duas horas depois, você está chorando pelo casal, prometendo que "só mais um episódio" e ignorando a pilha de atividades que tem para corrigir. Isso não é por acaso, é um sequestro do sistema de recompensa do seu cérebro. Cada reviravolta na trama, cada beijo roubado, cada declaração inesperada... PUM! É uma enxurrada de dopamina. A sensação de prazer que o cérebro recebe é tão forte que ele pede mais, e mais, e mais. E os famosos cliffhangers (aquele final de episódio que te deixa sem ar)? Eles são a ferramenta perfeita para manter o ciclo de vício. Eles criam uma "ansiedade" que só se resolve com o play no próximo episódio, liberando uma nova onda de dopamina e garantindo que você não pare de maratonar. Além disso, nossos neurônios-espelho nos fazem sentir as emoções dos personagens como se fossem nossas. A dor da mocinha, a raiva do protagonista, a felicidade do casal. O dorama não pede para você pensar ou resolver um problema. Ele te pede para sentir, e isso é o que nos mantém conectados, presos, por horas a fio.

E o que nós, educadores, podemos aprender com isso? Que a busca por recompensa é um motor de engajamento poderosíssimo. A IA nos mostra que a recompensa pela conquista intelectual é eficaz e construtiva. O dorama nos mostra que a recompensa emocional e de prazer imediato é avassaladora e viciante. Nosso desafio é: como podemos criar um ambiente de aprendizado onde a recompensa por aprender seja tão forte e tão instantânea que o dorama, ou qualquer outra distração, não seja uma competição tão desleal? Como podemos usar a tecnologia e a emoção (vínculo) para manter nossos alunos (e nós mesmos) focados no que realmente importa: o conhecimento? No final das contas, a IA pode até ser uma ferramenta com desafios significativos para a aprendizagem, mas o dorama... Ah, o dorama é uma ameaça à nossa capacidade de atenção. E a culpa, sabemos, é da nossa dopamina!

Mas há algo ainda mais importante para levarmos dessa reflexão. A IA é uma ferramenta que nos dá oportunidades, e o dorama, com sua capacidade de nos capturar, nos dá a consciência sobre como nossos sentidos e emoções funcionam. A tecnologia, seja a IA ou qualquer outra, traz consigo desafios e oportunidades. No entanto, é a nossa decisão enquanto seres humanos que define como vamos usá-la. O dorama nos lembra que somos seres emocionais. A IA, que somos seres lógicos e criativos. E no cruzamento dessas duas potências, o ser humano continua no centro, com a inteligência para usar a tecnologia e a sensibilidade para sentir as histórias. O poder de escolher está sempre em nossas mãos, e essa é a nossa maior vantagem.

E você, qual sua experiência com esse "vilão"? Compartilhe nos comentários como você equilibra o tempo entre as correções e o seu dorama favorito! 😉


Comentários

  1. Oi Day, muito bacana e necessária a sua reflexão. Eu, na verdade, quase não vejo séries, quando quero relaxar vou fazer uma caminhada. Porém é perfeitamente compreensível essa preocupação e como educadores, precisamos ter conhecimento sobre o que nossos alunos estão acompanhando. Precisamos ficar atentos e buscar fazer o melhor para engajá-los nas aulas, o que está ficando cada vez mais difícil. Obrigada por compartilhar com a gente! Precisamos conversar mais sobre isso.

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