Quando um projeto nasce no chão da escola e chega à sede do Google, há muito mais por trás do que tecnologia.
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Adaptação e inovação: a mensagem que conecta o passado e o futuro da educação. Foto do arquivo coletivo da viagem a Mountain View - Califórnia |
Foi assim com o EduGenius, desenvolvido pela equipe da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) durante o AI+Edu Fellowship, programa do Google for Education que reuniu secretarias de educação de diferentes países da América Latina (LATAM).
O Brasil participou com várias iniciativas.
A equipe mineira levou o EduGenius, um protótipo de tutoria inteligente criado para apoiar o professor na personalização da aprendizagem.
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Eu, Adriana Lopes, líder do GEG Belo Horizonte e professora da rede estadual de MG, fui convidada a integrar o grupo e colaborar nas etapas de experimentação, validação e aplicação em sala de aula.
De onde surgiu a ideia?
A proposta nasceu da preocupação com a recomposição das aprendizagens na rede estadual de MG.
As avaliações diagnósticas mostravam lacunas importantes e a equipe percebeu a necessidade de encontrar novas formas de acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e apoiar o planejamento docente.
Foi aí que surgiu a ideia de unir neurociência, dados e inteligência artificial.
No início, trabalhamos com a hipótese de que entender o perfil de aprendizagem de cada aluno poderia facilitar o processo.
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Vários formatos de abordagens para as atividades Foto arquivo pessoal |
Mas as observações e os testes mostraram algo essencial: as pessoas não aprendem de um único jeito.
A neurociência tem revelado que o cérebro é flexível e aprende por diferentes caminhos.
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Aluna interagindo com o tutor do Gemini no Chromebook Foto arquivo pessoal |
Essa compreensão nos fez perceber que o papel do professor é justamente criar múltiplas oportunidades de aprendizagem e não buscar um único modelo para todos.
Das evidências à prática
Para orientar o uso da IA, utilizamos as avaliações diagnósticas da rede estadual de Minas Gerais como principal evidência.
Esses dados ajudaram a identificar habilidades que ainda não estavam consolidadas e a direcionar as ações.
O projeto utilizou o Gemini (Gems) como tutor inteligente, capaz de dialogar com o estudante e sugerir atividades de acordo com suas necessidades, enquanto o NotebookLM organizava as informações das avaliações e apoiava o professor a interpretar os resultados.
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Alunos interagindo com o NotebookLM Foto arquivo pessoal |
Com base nesses instrumentos, foi possível testar estratégias de personalização que respeitassem o contexto da escola pública e valorizassem o protagonismo do professor.
A IA foi usada como apoio à escuta, à análise e ao planejamento, sem substituir a mediação humana.
Uma experiência que atravessou fronteiras
Após meses de trabalho e aprimoramento, o EduGenius foi selecionado para a final do Hackathon do Programa AI+Edu Fellowship, realizada na sede do Google, em Mountain View, Califórnia.
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Apresentação final do Hackathon na sede do Google em Mountain View - Califórnia |
Participei da viagem na companhia de seis outras educadoras da rede estadual de Minas Gerais, também premiadas por seus projetos que promoveram o uso de tecnologias educacionais (principalmente as ferramentas do Google Workspace For Education) em suas escolas.
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Grupo de educadoras de MG com os Goolgers brasileiros no ChromeOS Experience Center |
Essas educadoras atuam como multiplicadoras do programa Multiplica Plus, iniciativa que reconhece e forma professores que compartilham práticas inovadoras no uso das tecnologias digitais na educação básica.
Além do Hackathon, tivemos a oportunidade de conhecer ambientes de inovação e atualização tecnológica no ecossistema do Google.
Visitamos espaços como o ChromeOS Experience Center, onde foi possível vivenciar diferentes soluções educacionais integradas a dispositivos e recursos do Google for Education.
Essas experiências mostraram, na prática, como o design de ambientes e tecnologias pode inspirar novas formas de ensinar e aprender, reforçando o papel do professor como curador e facilitador de experiências significativas.
Durante o evento, representantes de alguns países da América Latina compartilharam práticas e desafios sobre o uso ético e pedagógico da inteligência artificial.
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Foto do grupo de educadores, o assessor chefe de inovação e a subsecretária da da SEEMG eGooglers brasileiros numa palestra com Rodrigo Vale - Google Cloud Customer Engineer. Foto arquivo pessoal |
Foram dias cheios de aprendizado e colaboração, onde se evidenciou que as soluções mais significativas nascem da troca entre educadores e da escuta das realidades locais.
O que aprendemos
A jornada do EduGenius mostrou que os desafios da aprendizagem são complexos e não cabem em respostas simples.
Cada escola e cada estudante vivem contextos próprios, e é nessa diversidade que a inovação ganha sentido.
O projeto segue em evolução, construído pela escuta, pelos dados e pela prática docente.
O EduGenius não é um ponto final, mas um caminho em construção — um convite para repensar o papel da tecnologia na educação e reafirmar o lugar do professor como mediador essencial.
Da sala de aula ao Googleplex, o que ficou foi a vontade de seguir aprendendo e reinventando o jeito de ensinar — porque inovar não é chegar a um destino, é permanecer em movimento, aprendendo juntos e ouvindo o que cada experiência tem a ensinar.
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Grupo de educadoras da rede estadual de educação de MG acompanhadas pela gerente de projetos GFE, Ana Lívia - Foto do álbum coletivo da viagem |
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