Hackeando a Aprendizagem com IA: da sala de aula à sede do Google em Mountain View

Quando um projeto nasce no chão da escola e chega à sede do Google, há muito mais por trás do que tecnologia.

Adaptação e inovação: a mensagem que conecta o passado e o futuro da educação.
Foto do arquivo coletivo da viagem a Mountain View - Califórnia

Foi assim com o EduGenius, desenvolvido pela equipe da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) durante o AI+Edu Fellowship, programa do Google for Education que reuniu secretarias de educação de diferentes países da América Latina (LATAM).

O Brasil participou com várias iniciativas.

A equipe mineira levou o EduGenius, um protótipo de tutoria inteligente criado para apoiar o professor na personalização da aprendizagem.

Apresentação da semifinal do Hackathon - Junho 2025
Foto arquivo pessoal

Eu, Adriana Lopes, líder do GEG Belo Horizonte e professora da rede estadual de MG, fui convidada a integrar o grupo e colaborar nas etapas de experimentação, validação e aplicação em sala de aula.


De onde surgiu a ideia?

A proposta nasceu da preocupação com a recomposição das aprendizagens na rede estadual de MG.

As avaliações diagnósticas mostravam lacunas importantes e a equipe percebeu a necessidade de encontrar novas formas de acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e apoiar o planejamento docente.

Foi aí que surgiu a ideia de unir neurociência, dados e inteligência artificial.

No início, trabalhamos com a hipótese de que entender o perfil de aprendizagem de cada aluno poderia facilitar o processo.

Vários formatos de abordagens para as atividades
Foto arquivo pessoal

Mas as observações e os testes mostraram algo essencial: as pessoas não aprendem de um único jeito.

A neurociência tem revelado que o cérebro é flexível e aprende por diferentes caminhos.

Aluna interagindo com o tutor do Gemini no Chromebook
Foto arquivo pessoal

Essa compreensão nos fez perceber que o papel do professor é justamente criar múltiplas oportunidades de aprendizagem e não buscar um único modelo para todos.


Das evidências à prática

Para orientar o uso da IA, utilizamos as avaliações diagnósticas da rede estadual de Minas Gerais como principal evidência.

Esses dados ajudaram a identificar habilidades que ainda não estavam consolidadas e a direcionar as ações.

O projeto utilizou o Gemini (Gems) como tutor inteligente, capaz de dialogar com o estudante e sugerir atividades de acordo com suas necessidades, enquanto o NotebookLM organizava as informações das avaliações e apoiava o professor a interpretar os resultados.

Alunos interagindo com o NotebookLM
Foto arquivo pessoal


Com base nesses instrumentos, foi possível testar estratégias de personalização que respeitassem o contexto da escola pública e valorizassem o protagonismo do professor.

A IA foi usada como apoio à escuta, à análise e ao planejamentosem substituir a mediação humana.


Uma experiência que atravessou fronteiras

GooglePlex - Mountain View
Foto arquivo coletivo da viagem à Califórnia


Após meses de trabalho e aprimoramento, o EduGenius foi selecionado para a final do Hackathon do Programa AI+Edu Fellowship, realizada na sede do Google, em Mountain View, Califórnia.



Apresentação final do Hackathon na sede do Google em Mountain View - Califórnia

Participei da viagem na companhia de seis outras educadoras da rede estadual de Minas Gerais, também premiadas por seus projetos que promoveram o uso de tecnologias educacionais (principalmente as ferramentas do Google Workspace For Education) em suas escolas.


Grupo de educadoras de MG com os Goolgers brasileiros no ChromeOS Experience Center 

Essas educadoras atuam como multiplicadoras do programa Multiplica Plus, iniciativa que reconhece e forma professores que compartilham práticas inovadoras no uso das tecnologias digitais na educação básica.

Além do Hackathon, tivemos a oportunidade de conhecer ambientes de inovação e atualização tecnológica no ecossistema do Google.

Visitamos espaços como o ChromeOS Experience Center, onde foi possível vivenciar diferentes soluções educacionais integradas a dispositivos e recursos do Google for Education.

Essas experiências mostraram, na prática, como o design de ambientes e tecnologias pode inspirar novas formas de ensinar e aprender, reforçando o papel do professor como curador e facilitador de experiências significativas.

Durante o evento, representantes de alguns países da América Latina compartilharam práticas e desafios sobre o uso ético e pedagógico da inteligência artificial.

Foto do grupo de educadores, o assessor chefe de inovação e a subsecretária da da SEEMG eGooglers brasileiros numa palestra
com Rodrigo Vale -  Google Cloud Customer Engineer.
Foto arquivo pessoal


Foram dias cheios de aprendizado e colaboração, onde se evidenciou que as soluções mais significativas nascem da troca entre educadores e da escuta das realidades locais.


O que aprendemos

A jornada do EduGenius mostrou que os desafios da aprendizagem são complexos e não cabem em respostas simples.

Cada escola e cada estudante vivem contextos próprios, e é nessa diversidade que a inovação ganha sentido.

O projeto segue em evolução, construído pela escuta, pelos dados e pela prática docente.

O EduGenius não é um ponto final, mas um caminho em construção — um convite para repensar o papel da tecnologia na educação e reafirmar o lugar do professor como mediador essencial.

Da sala de aula ao Googleplex, o que ficou foi a vontade de seguir aprendendo e reinventando o jeito de ensinar — porque inovar não é chegar a um destino, é permanecer em movimento, aprendendo juntos e ouvindo o que cada experiência tem a ensinar.


Grupo de educadoras da rede estadual de educação de MG
acompanhadas pela gerente de projetos GFE, Ana Lívia - Foto do álbum coletivo da viagem



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