O QUE ME FAZ SER PROFESSORA ?



Capacitando um grupo de professores em uma escola particular de Ensino Médio, focada na adoção de formas inovadoras de ensino e de aprendizagem que tem crescido no Brasil. Fiz proposta ao grupo trabalharmos a educação sociemocional, que é o conjunto de estratégias pedagógicas que, aplicadas, favorecem com que cada pessoa administre de maneira mais eficaz e ética os desafios e situações cotidianas. Lidar com as próprias emoções, autoconhecer-se, trabalhar em equipe, ser resiliente, exercer liderança, reagir positivamente à contrariedade, colaborar, solucionar problemas e gerenciar objetivos de vida são exemplos de habilidades desenvolvidas numa educação socioemocional.

A pergunta feita ao grupo foi “O que te faz ser professor?”

Uma jovem sentada a minha frente tornou retorica a minha pergunta, esperando que eu respondesse ao grupo: O que me faz ser professora?

Por alguns minutos questionei-me. Me veio a mente um texto lido em uma rede social.

A PEDRA
 (Autor desconhecido)
“O distraído nela tropeçou...
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, Davi, matou Golias,
E Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
Em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para
o seu próprio crescimento”.

Esse texto chama atenção e leva a reflexão principalmente no contexto sala de aula. É interessante como o tema educação tem sido tão discutido em diversos meios de comunicação. Discutimos metodologias mais adequadas para alcançarmos nossos alunos, materiais didáticos para tornar o aprendizado mais fácil, como conseguir a integração da família na escola para dividirmos as responsabilidades, capacitação... e capacitação de professores para que se tornem bem atualizados, em relação aos novos paradigmas da educação.

Mas nada disso tem efeito positivo se não houver um objetivo muito grande por trás. Posso afirmar que educar pessoas não é uma tarefa fácil, e a profissão de educador é uma das mais desafiadoras e exigentes que já conheci. O relacionamento com o aluno, lidar com a sensibilidade e a curiosidade do indivíduo, a inquietude e o dinamismo da juventude, a transformação de saberes e a internalização de valores educativos, são atividades que exigem profissionalismo, preparação e amor pela educação. Foi nesse exato momento que me fiz a seguinte pergunta: Por que sou professora? A resposta foi quase que automática: Porque sou apaixonada. Movida pela ideia fixa de que posso contribuir para o mundo compreender pessoas. Não há pretextos que justifiquem, para quem é apaixonado, um grau a menos de paixão. Multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Analisar a química da realidade. Traçar o mapa de inusitados tesouros.

A despretensão da resposta pareceu, naquele momento, deixar tudo em cessação.

Escolhi ser professora porque essa é uma das funções mais belas, mais instigantes, mais recompensadoras que existem, entre tantas. Sem dúvida, ímproba, mas indescritivelmente bela. Conhecer nossos educandos, transmitir a eles informações, assim como também receber desses, informações em uma constante troca, criar laços, que possibilitam ver o desenvolvimento e contribuir para que ele se dê de forma aprazível. Aprendizado contínuo sempre, muito.

Apresentar novas ideias, novos caminhos. Lorotaria se contradissesse que sou, e continuamente serei, idealista e que acredito com solidez na capacidade de modificação social pela educação. Educação, com certeza, porque todo professor tem um pouco de educador. Quiçá seja credulidade, mas receber em algum momento um abraço desprovido de interesse, ler mensagens em uma rede social do tipo “Tenho saudades de suas aulas”, ouvir desabafamentos daqueles que tanto confiam em você que resolvem dividir um pouco mais de suas vidas… Ou experienciar com outros um educando despontando para sua própria realidade, revelando-se capaz e indiscutivelmente apto para ir além e presentar ao mundo seu real valor. São detalhes que fazem com que valha a pena.

Quem já não ouviu que aquele que trabalha com o que ama, nunca tem que trabalhar? Eu me divirto dando aulas. Ouço meus alunos, compartilho experiências. Acredito no que faço, acredito nos meus alunos. No potencial que cada um deles tem de transformar a sua própria realidade. No esforço de cada um.  

Então o que me faz ser professora é a paixão que me move por acreditar no ser humano e em seu potencial.

O que estávamos fazendo juntos naquela sala de aula, em capacitação, era através das nossas experiências e diferenças, estabelecer estratégias para que cada professor em sua realidade, conseguisse, movidos pela paixão que os tornou educadores, aproveitar as pedras encontradas no dia- a- dia, para nosso próprio crescimento e para o desenvolvimento de nossos alunos.

“Ser professor não é profissão, é uma missão.”

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