A nova lei (Lei nº 15.100/2025) que restringe o uso de celulares nas escolas brasileiras gerou muitas dúvidas entre professores, principalmente da rede pública. Se por um lado a medida busca proteger a saúde mental e o desenvolvimento dos estudantes, por outro, desafia educadores a repensarem suas práticas em um cenário onde a tecnologia, muitas vezes, se tornou um apoio essencial para o ensino. Mas e agora? Como adaptar estratégias sem depender dos celulares em sala de aula, considerando a realidade da maioria das escolas públicas que possuem acesso limitado a dispositivos tecnológicos?
Este artigo propõe reflexões e alternativas viáveis para professores que precisam continuar inovando, mesmo diante das limitações impostas pela nova legislação.
Um novo desafio para os professores
O uso do celular em sala de aula sempre dividiu opiniões. Ponto! Enquanto alguns o viam como uma distração constante, outros o utilizavam como ferramenta de pesquisa, produção de conteúdo e engajamento dos alunos. Agora, com a proibição, é necessário buscar caminhos que mantenham o ensino dinâmico e conectado ao mundo digital sem depender exclusivamente dos smartphones dos alunos.
No contexto da rede pública, essa questão se torna ainda mais complexa. Muitos professores já enfrentam salas superlotadas, falta de recursos pedagógicos e acesso limitado a computadores e internet. Com isso, a pergunta que surge é: como podemos estimular a criatividade, promover a autonomia dos alunos e garantir o acesso à informação que vai além dos livros didáticos sem depender dos celulares?
Estratégias para manter a inovação com tecnologia reduzida
Mesmo sem o celular, algumas abordagens podem ajudar professores a manter a inovação e o engajamento dos estudantes. Aqui estão algumas sugestões:
1. Uso estratégico de poucos dispositivos
Caso a escola disponha de poucos computadores ou tablets, os professores podem planejar atividades em rodízio, utilizando o modelo híbrido de aprendizagem. Criar estações de aprendizado, onde grupos de alunos realizam diferentes atividades ao longo da aula, pode ser uma solução eficiente. Por exemplo:
Um grupo trabalha na produção de um cartaz ou resumo no papel;
Outro realiza leitura e discussão em pequenos grupos;
Um terceiro utiliza o computador para acessar materiais digitais ou realizar pesquisas.
2. Ensino colaborativo e aprendizagem entre pares
A tecnologia não é a única forma de incentivar a colaboração. Propor debates, trabalhos em grupo e momentos de troca entre os estudantes são formas de manter um aprendizado ativo e participativo. Técnicas como "sala de aula invertida" podem ser adaptadas para incentivar que os alunos tragam informações pesquisadas em casa (em qualquer dispositivo disponível) e compartilhem com a turma. Essa estratégia pode enriquecer o trabalho em sala sem necessariamente ter o dispositivo em mãos durante a aula.
3. Recursos offline e materiais interativos
Recursos como jogos educativos, mapas, gráficos e materiais impressos voltam a ser um recurso importante para enriquecer a experiência de aprendizado. A criação de desafios e atividades gamificadas no quadro ou com fichas físicas pode gerar o mesmo engajamento que um aplicativo digital proporcionaria. Pense nisso!
4. Rádio, podcasts e oralidade
Se os alunos não podem acessar conteúdos digitais individualmente em sala, por que não trazer o formato para o coletivo? Professores podem gravar áudios para reprodução em sala ou até criar atividades baseadas em podcasts baixados previamente. Esses recursos podem servir como complemento para atividades interdisciplinares, incentivando a escuta ativa e a reflexão crítica sobre diferentes temas.
Além disso, o uso da oralidade e da contação de histórias são estratégias poderosas para ampliar o repertório dos estudantes e desenvolver habilidades de comunicação. Trabalhar com dramatizações, rodas de conversa e debates sobre os temas abordados em aula pode manter os alunos engajados e contribuir para o desenvolvimento da argumentação e do pensamento crítico. A valorização da cultura oral também fortalece a aprendizagem e promove a inclusão de alunos com diferentes estilos de aprendizagem.
5. Projetos interdisciplinares e mão na massa
A aprendizagem se torna mais significativa quando os alunos conseguem conectar diferentes áreas do conhecimento e aplicar conceitos na prática. Projetos interdisciplinares estimulam a curiosidade, o pensamento crítico e a colaboração, permitindo que os estudantes aprendam de forma ativa e engajada.
Uma abordagem eficaz é incentivar desafios práticos que envolvam resolução de problemas do cotidiano, como projetos de sustentabilidade, criação de protótipos, atividades de empreendedorismo ou até a organização de feiras científicas. Trabalhos manuais, como construção de maquetes, desenvolvimento de experimentos científicos ou a realização de oficinas de escrita e arte, também contribuem para uma aprendizagem mais concreta e dinâmica.
Além disso, promover atividades em grupo onde os alunos realizam pesquisas prévias sobre problemas reais e trazem suas descobertas para discussão em sala permite que trabalhem coletivamente na busca por soluções. Esse processo estimula a autonomia, o pensamento crítico e a colaboração, tornando o aprendizado mais significativo. Professores podem estruturar roteiros de pesquisa que levem os alunos a buscar conhecimento de forma guiada, mesmo sem a presença de dispositivos digitais.
Outra possibilidade é explorar o uso de recursos acessíveis, como jornais, revistas, livros didáticos e entrevistas com especialistas da comunidade escolar. Criar um ambiente onde a troca de informações e a criatividade sejam valorizadas garante que o aprendizado aconteça de forma significativa, independentemente do uso de tecnologia. Sendo assim, a falta de celulares pode se tornar uma oportunidade para desenvolver habilidades manuais, argumentativas e criativas.
O papel do professor na adaptação à nova realidade
Mais do que nunca, o professor assume um papel essencial como mediador do conhecimento e facilitador da aprendizagem. Em um cenário onde a tecnologia precisa ser utilizada de maneira mais estratégica, é fundamental explorar metodologias que valorizem a criatividade, a colaboração e o pensamento crítico dos alunos. Adaptar-se a essa nova realidade não significa abrir mão da inovação, mas sim encontrar novas formas de engajar os estudantes e tornar o ensino mais significativo.
A formação docente deve acompanhar essas mudanças, garantindo que os professores tenham suporte contínuo para implementar práticas pedagógicas eficazes mesmo em contextos de baixa tecnologia. É necessário oferecer capacitações que incentivem o uso de metodologias ativas, a criação de materiais alternativos e o desenvolvimento de atividades que fortaleçam a autonomia dos alunos. Sentir-se preparado para enfrentar esse novo cenário é um fator determinante para que o professor consiga transformar desafios em oportunidades de crescimento.
O diálogo com a gestão escolar também é essencial. Professores precisam ser ouvidos para que possam compartilhar suas dificuldades e sugerir soluções que atendam às necessidades da comunidade escolar. Em vez de encarar essa proibição como uma barreira, podemos enxergá-la como um convite para fortalecer o senso de pertencimento dentro da escola, incentivar a troca de conhecimentos entre os alunos e resgatar práticas pedagógicas que muitas vezes foram deixadas de lado devido à presença excessiva das telas.
Embora a adaptação a essa nova realidade possa parecer desafiadora, é importante lembrar que a essência do ensino sempre esteve no vínculo entre professor e aluno, na capacidade de despertar curiosidade e no compromisso de formar cidadãos críticos e preparados para o mundo. Quando professores se unem para inovar e buscar alternativas, mesmo diante das dificuldades, criam um ambiente de aprendizado enriquecedor e transformador para todos.
Conclusão
A nova lei pode parecer um obstáculo à inovação no ensino, mas também pode ser um convite para reinventar a prática pedagógica. Se antes os celulares eram um recurso acessível para muitas atividades, agora é o momento de explorar estratégias diversificadas, resgatando metodologias ativas e ampliando as possibilidades de ensino.
A adaptação não será imediata, mas com criatividade, colaboração e planejamento, é possível transformar essa mudança em uma oportunidade para fortalecer o aprendizado. Afinal, ensinar vai muito além das telas: é sobre inspirar, desafiar e preparar os alunos para o mundo, independentemente das ferramentas disponíveis.
E na sua escola, quais estratégias estão sendo adotadas para lidar com essa nova realidade? Compartilhe nos comentários!
Inspiring insights. Thank you.
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