Por que você precisa participar de uma Comunidade de Aprendizagem?



Você já se sentiu um peixe fora d'água, ou meio alienígena entre seus pares? Sabe aquela sensação de primeiro dia de aula, de escola nova? 

Às vezes, essa sensação nos acompanha, pois pensamos em como superar desafios daquele contexto educacional, sem muitos colegas para trocar ideias, se nutrir de inspirações e pirações...

É aí que entram as Comunidades de Aprendizagem como o Grupo de Educadores Google, nosso querido GEG. Ao participar do GEG você encontra outras pessoas apaixonadas pela educação e novidades (tecnológicas ou não) que podem ser testadas e usadas nas mais diversas realidades educacionais. 

Aí você pode pensar, que comunidades assim são novidades, mas não são... Hoje trago um pouco de curiosidades e literatura acadêmica que trata desse tema, e que pode nos ajudar a entender o GEG, potencializando nossas ações.

Ao pensar no significado da palavra comunidade, do site Dicio, temos: 

"Conjunto de pessoas que habitam o mesmo lugar, que pertencem ao mesmo grupo social, estando sob o mesmo governo, e compartilhando a mesma cultura e história."
 No GEG compartilhamos cultura, estamos de certa forma agrupados socialmente. E remontando na história, podemos voltar lá na Idade Média com as constituições das Guildas, associações de pessoas com interesses comuns (comércio ou arte, por exemplo), que trocavam informações e ofereciam assistência aos seus membros.

Na literatura acadêmica, encontramos as Guildas modernas sob o nome de Comunidades de Prática (Communities of Practice - CoP), comuns entre engenheiros, arquitetos e na área da sáude, dentre outras profissões. Lave e Wenger-Trainer escreveram obras seminais sobre este tema, e muito pode ser acessado no site: https://wenger-trayner.com/introduction-to-communities-of-practice/ 

O que são as Comunidades de Prática?

Os principais autores que tratam das comunidades de prática são Jean Lave e Etienne Wenger (1991), que tratam da aprendizagem periférica e explicam como esta ocorre em comunidades. Podemos sintetizar esse termo como: "Comunidades de prática são grupos de pessoas que compartilham uma preocupação ou paixão por algo que fazem e aprendem como fazer melhor ao interagirem regularmente (WENGER-TRAINER, 2015).”

Os autores esclarecem que nem toda comunidade é uma comunidade de prática . As características que identificam esta última são:

  • O domínio: Há entre os participantes o interesse e compromisso com o domínio de uma habilidade, competência ou assunto. Esse domínio pode não ser reconhecido como especialidade fora da comunidade, mas dentro dela é valorizada e compartilhada.

  • A comunidade: Em torno desse interesse e compromisso com o domínio, os membros se envolvem em atividades e discussões, que os levam a se desenvolverem na temática que os unem. Além disso, há a construção de relacionamentos que fortalece o grupo como um todo. Para ser uma comunidade de prática há que ter ações que propiciem o aprendizado e integração dos integrantes.

  • A prática: Há na comunidade de prática curadoria de ações e recursos pertinentes ao tema em que os integrantes se reúnem, e também um repertório de ações e recursos, que podem ser: experiências, histórias, ferramentas, maneiras de abordar problemas recorrentes - em suma, uma prática compartilhada. “O  desenvolvimento de uma prática compartilhada pode ser mais ou menos autoconsciente.”


E por que ela é importante?

Porque é uma forma de potencializar a instrução por pares. A Comunidade de Prática (CoP) (WENGEL, 2002), também aparece como comunidades de aprendizagem ou comunidades aprendentes. Essa forma de interação e construção de conhecimentos é predominantemente dialógica e horizontalizada, porque mesmo existindo nas comunidades lideranças, não há nestas algo que os diferencie do grupo, estando todos ali com as mesmas condições de ação e fala.

Em outras palavras, o GEG é uma comunidade de prática, que estimula a aprendizagem entre seus participantes, em comunicação horizontalizada e dialógica.

Se é horizontalizada, precisa ter líderes?

A comunicação e a participação no GEG é estimulada e todos tem voz e vez. Mas, para organizar e estimular os demais membros, faz-se importante ter líderes. Líderes do GEG são como os gerentes das comunidades de prática, são pessoas apaixonadas pelo assunto que une a comunidade, que conhece mas necessariamente não é um expert (se for melhor ainda, mas não é um fator de exclusão) e que dispõem do seu tempo para cuidar da comunidade - trazendo novidades, vibrando quando os participantes compartilham uma boa nova, uma vitória pessoal ou do grupo e organizam momentos de aprendizagem e trocas.


Papeis que os integrantes de uma Comunidade de Prática podem desempenhar

A figura a seguir mostra as esferas de participação que um membro da Comunidade de Prática podem desempenhar. Assim como no GEG, temos pessoas que entram no grupo e tem uma participação mais tímica, ou periférica (e entretanto estas também tem aprendizagem com a CoP), pessoas que ocasionalmente se expõem, perguntando ou compartilhando saberes, e quanto mais caminhamos para o centro, o núcleo da comunidade de prática, temos os membros mais ativos e engajados na comunidade. Portanto, é comum que mesmo em uma comunidade, em um grupo do GEG que existam mais de 200 inscritos, necessariamente estas 200 pessoas não participam da mesma maneira, com a mesma intensidade e frequência.


Fonte: Wenger-Trainer, 2015 (adaptado pela autora).

No círculo mais interno da figura, tido como Core duro  da comunidade, encontram-se os líderes da comunidade, que atuam como coordenadores das ações, dialogando entre si e com os demais membros, a fim de saber das necessidades e organizar as ações da comunidade. Tem-se também próximo aos líderes, os membros mais ativos, que participam, indicam, ajudam a CP como um todo.

Além desses membros, é possível relacionar também as pessoas de fora, os curiosos que desejam saber o que é tratado nesse grupo (desconhecem o que é comunidade de prática), pessas de suporte, convidados, patrocinadores e clientes (no caso de CP educacionais, podem ser considerados os pais, estudantes e comunidade escolar).


Com a pandemia COVID-19 as comunidades GEG ao redor do mundo todo tiveram que se ressignificar, passando as ações para o virtual e descobrindo possibilidades de trabalho em conjunto. Vários GEG de localidades distantes se unindo para trazer materiais e vivências ricas para todos os envolvidos.

Agora, com o retorno do presencial, mais do que nunca vemos como a força das comunidades de prática como os GEG podem auxiliar, não só nas questões práticas das tecnologias, mas também no estímulo e apoio pessoal, para que sigamos em rede e em comunidade, vibrando, compartilhando, aprendendo e inovando na educação.

Por tudo o que foi apresentado aqui, fazemos o convite...

Vem pro GEG! E se você já está, mande esse conteúdo para outros educadores, convide-os para participar também!



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